Pra começar o calvário, o aeroporto que o nosso voo saía tava mais pra um hangar do que pra um aeroporto, pra que conhece o aeroporto de Joinville, o Gothenburg City Airport consegue ser metade do tamanho. Sério, minúsculo, com paredes que pareciam de material de container... tudo apertadinho, porta de banheiro do lado da porta da sala de embarque. Já passando pela emigração (que por sua vez ficava na boca do bar) me encheram de perguntas: 'Você passou por Amsterdam, o que você foi fazer lá?', 'O quê você está fazendo em Gothenburg?', 'O quê você faz na Volvo?', 'Quando você vai embora?', 'Você sabe que se ficar por mais de 3 meses tem que pedir visto para o período extra?', 'O que vai fazer me Londres?'...e mais um monte de perguntas que nem me lembro agora. Resumindo, fiquei bem uns 10 minutos ali só pra ganhar o carimbo pra poder sair do país.
Um fila gigantesca num espaço apertado e enfim liberaram a gente ir pro avião. O avião tava longe no pátio e tínhamos que caminhar um pedação num frio dos diabos. No pátio tinha duas poças d'água congeladas, e no escuro não dá pra ver. O povo aqui chama isso de 'black ice', que seria gelo preto, numa referência ao gelo encima do asfalto. Bom, duas pessoas escorregaram e caíram. A gente escapou dessa!
Dentro do avião, quando conseguimos sentar, notamos uma discussão entre um dos comissários e um passageiro, umas duas fileiras atrás de nós. Pelo que entendemos o cara queria viajar sentado nas fileiras da frente que são reservadas. Ah, bom, vale contar que viajamos de Ryanair, uma empresa mega barata, que vende até copo de água durante o voo, os assentos da frente são mais caros, quem não pagou mais caro pelos da frente não tem assento marcado. Então o cara foi sentar mais pra trás e foi quando ele sentou próximo da gente, mas não sei qual foi o tamanho da encrenca antes, pois a tripulação chamou dois seguranças gigantes pra solicitar que o cara saísse do avião. Ele falou que não ia. Então chamaram dois policiais gigantes. O cara resistiu, o policial pegou a mala do cara no compartimento de cima e pegou o cara pelo braço e levou ele. Até aqui já deu bastante emoção, né? Mas não é nem o começo...
O voo durou 1h30 e chacoalhou bastante, mas pousou bem. Caminhamos um monte até chegar na imigração. Acho que todo mundo já deve ter ouvido falar, ou até já ter passado pela imigração inglesa. É um saco. Outra fila enorme, mas pra nossa sorte tinha um brasileiro super querido na nossa frente, e que mora em Londres há 5 anos e nos deu várias dicas. Também nos encheram de perguntas: de onde vínhamos, o que fazíamos em Gothenburg (respondi turismo, porque segundo o rapaz, se responder que estávamos trabalhando sem realmente ter um visto de trabalho ia dar bucha e mandariam a gente de volta), se tínhamos amigos e/ou família em Gothenburg, quanto tempo íamos ficar em Londres, onde íamos ficar, quando a gente ia embora pro Brasil... Conseguimos visto pra 6 meses. Ufa!
O rapaz que nos ajudou na fila também ia pegar o mesmo ônibus que leva a galera pro centro da cidade e falou pra gente ir junto. Compramos o ticket pro busão e lá fomos. Mais 1 hora, UMA HORA, de busão até chegar na Liverpool Street, que fica bem no centrão. Conversando com o cara descobri que a esposa dele é de Siderópolis/SC. Pra quem não sabe, Siderópolis é uma cidade minúscula do lado de Criciúma, é a cidade onde meu avô paterno nasceu e ainda tenho família lá. Até pedi qual era o sobrenome da família dela, mas não é parente.
Descemos na frente da Estação de Metro da Liverpool Street, mas já era muito tarde e estavam fechando. Também não ia adiantar muito porque não sabíamos ainda que metrô tínhamos que pegar. Aliás, estávamos sem mapa, quase sem bateria de celular, sem moeda local, já era meia noite...e depois de muito corre corre e com o restinho de bateria que eu ainda tinha conseguimos ver no gps que ir a pé não era uma alternativa e também vimos que tinha uma linha de ônibus que chegava próximo do nosso destino e um pouco antes de quase entrar em pânico, resolvemos a questão. Fomos sacar $$ num caixa automático do outro lado da rua, pegamos um busão, dei aquela conversada com o motorista pra ele nos dar direção de onde descer e como fazer. No ponto final do busão ele nos explicou como fazer. Caminhamos mais um monte, claro que não ia ser pouco. Uma fome horrorosa mas com tanta ansiedade eu não conseguia nem comer. No meio do caminho vi um hotel, entrei lá e pedi um mapa. Agora sim, um pouco mais de direção na nossa vida e enfim chegamos no hostel pra fazer check-in às 2hs da manhã no horário local, pra gente já eram 3hs.
Nosso quarto não tinha banheiro, ou seja, o banheiro era compartilhado no corredor. Já paramos por ali e tomamos nosso banho pra aproveitar que tava vazio e ganhar tempo na manhã seguinte. Banho tomado e cama, né? Não! Chegamos no quarto, uma puta duma zona. O quarto tinha 3 beliches, o nosso era o do meio e as gurias do beliche da frente da porta eram MUITO, mas MUITO espaçosas. Mala grande no chão revirada num jeito que nem chegava perto de fechar. Um monte de roupa espalhada por cima das nossas camas. Fui por a mão, molhadas. Sério, molhadas. Lavaram um monte de roupa e estenderam por cima das camas pra secar. Chegaram ao ponto de amarrar uma corda pra fazer um varal. A guria da cama de baixo nem piscou, a de cima ficou sentada na cama dela falando que eu podia tirar as roupas de lá. FALA SÉRIO!!! Mandei ela descer e ela que retirasse as roupas. A Marcelle ficou segurando a porta pra entrar um pouco de luz e eu fiquei assistindo a guria tirar tudo de cima da cama fazendo pressão. Quando ela terminou fui olhar minha cama, cadê o travesseiro?! Perguntei e daí a guria da cama de baixo me deu o travesseiro que ela me tinha roubado. Mandei um 'AH ÓTIMO!!!' e ela nem pra se desculpar. Bom, deitamos e dormimos, finalmente.
Mas o sono não foi longo. Como passamos por muito stress nas nossas primeiras horas em Londres eu fiquei muito agitada e ansiosa e depois de algumas poucas horas de sono acordei preocupadíssima em como teríamos que fazer no domingo pra voltar pro aeroporto. Totalmente sem noção, já que tínhamos bastante tempo pra resolver isso ainda, mas o agito foi grande e eu custei a pegar no sono novamente. E mais uma vez o sono não durou muito. As duas gurias do beliche do lado conseguiram realizar a façanha de entrar e sair do quarto umas 30 vezes acho que em 1h apenas. Não é exagero!!! Mesmo com tantas vezes fora do quarto elas ainda tinham o que falar dentro. E na grande inteligência delas deixar a porta aberta pra entrar luz (e também barulho de todos que passavam pelo corredor) incomodava menos quem tava dormindo do que propriamente acender as lâmpadas. Na primeira vez eu ralhei e mandei que fechassem a porta porque tinha muito barulho, na segunda eu já tava estressada demais pra me incomodar ainda mais. Uma delas esqueceu o cartão-chave da porta e ficou batendo pra alguém ir abrir numa das 30x que voltou pro quarto. Parecia até piada se for considerar o barulho mais todas as roupas penduradas nos armários, beirada de cama e espalhadas no chão. Essa palhaçada toda foi até exatamente 5 minutos antes de nosso despertador tocar pra acordar. Nem foi trabalho sair da cama...
Mas ainda tinham dois outros dormindo (não sei como conseguiram) então eu e a Marcelle trocamos de roupa e pegamos nossas coisas bem devagar e tentando fazer silêncio, mais o banheiro que era no corredor, levamos mais tempo do que imaginamos que iriamos precisar e chegamos na recepção do hostel quase no horário do tour sair e não tivemos tempo de tomar café da manhã.
O Tour era no mesmo esquema que rolou em Copenhagen, mesma empresa até. Um guia vai nos principais hostels e leva todo mundo pra um ponto comum de encontro, mas nesse dia o guia se atrasou. Uma galera perguntou na recepção do hostel e ninguém lá sabia dizer nada. Uma bosta! Mas então uma turma que também tava concentrada ali na recepção foi saindo e o resto que estava aguardando pelo guia achou que o guia tava saindo e foi todo mundo atrás, apesar de ninguém ter ouvido guia nenhum chamar, mas como na recepção também ninguém sabia informar PN, fomos atrás. Chegamos quase na esquina e o povo que tava esperando pelo guia parou porque tava realmente achando tudo muito estranho. Ficamos ali mais uns 20min aguardando o guia até que enfim ele apareceu. Já tava quase começando a sentir um nervoso de novo...
Acho que a primeira parte da saga de Londres está toda aqui, no próximo post eu conto sobre o tour e o resto da viagem. Ainda tem mais emoções pra contar!!
Mas o sono não foi longo. Como passamos por muito stress nas nossas primeiras horas em Londres eu fiquei muito agitada e ansiosa e depois de algumas poucas horas de sono acordei preocupadíssima em como teríamos que fazer no domingo pra voltar pro aeroporto. Totalmente sem noção, já que tínhamos bastante tempo pra resolver isso ainda, mas o agito foi grande e eu custei a pegar no sono novamente. E mais uma vez o sono não durou muito. As duas gurias do beliche do lado conseguiram realizar a façanha de entrar e sair do quarto umas 30 vezes acho que em 1h apenas. Não é exagero!!! Mesmo com tantas vezes fora do quarto elas ainda tinham o que falar dentro. E na grande inteligência delas deixar a porta aberta pra entrar luz (e também barulho de todos que passavam pelo corredor) incomodava menos quem tava dormindo do que propriamente acender as lâmpadas. Na primeira vez eu ralhei e mandei que fechassem a porta porque tinha muito barulho, na segunda eu já tava estressada demais pra me incomodar ainda mais. Uma delas esqueceu o cartão-chave da porta e ficou batendo pra alguém ir abrir numa das 30x que voltou pro quarto. Parecia até piada se for considerar o barulho mais todas as roupas penduradas nos armários, beirada de cama e espalhadas no chão. Essa palhaçada toda foi até exatamente 5 minutos antes de nosso despertador tocar pra acordar. Nem foi trabalho sair da cama...
Mas ainda tinham dois outros dormindo (não sei como conseguiram) então eu e a Marcelle trocamos de roupa e pegamos nossas coisas bem devagar e tentando fazer silêncio, mais o banheiro que era no corredor, levamos mais tempo do que imaginamos que iriamos precisar e chegamos na recepção do hostel quase no horário do tour sair e não tivemos tempo de tomar café da manhã.
O Tour era no mesmo esquema que rolou em Copenhagen, mesma empresa até. Um guia vai nos principais hostels e leva todo mundo pra um ponto comum de encontro, mas nesse dia o guia se atrasou. Uma galera perguntou na recepção do hostel e ninguém lá sabia dizer nada. Uma bosta! Mas então uma turma que também tava concentrada ali na recepção foi saindo e o resto que estava aguardando pelo guia achou que o guia tava saindo e foi todo mundo atrás, apesar de ninguém ter ouvido guia nenhum chamar, mas como na recepção também ninguém sabia informar PN, fomos atrás. Chegamos quase na esquina e o povo que tava esperando pelo guia parou porque tava realmente achando tudo muito estranho. Ficamos ali mais uns 20min aguardando o guia até que enfim ele apareceu. Já tava quase começando a sentir um nervoso de novo...
Acho que a primeira parte da saga de Londres está toda aqui, no próximo post eu conto sobre o tour e o resto da viagem. Ainda tem mais emoções pra contar!!
CaraDeAlho...
ResponderExcluirUma dica.. (poderia ter te dado a dica antes)... Quando for ficar em Hostel, pergunta se tem banheiro no quarto, senão é um a zona, é foda!!! Isso aconteceu comigo em Barcelona, exatamente, mas era DOIS alemães folgados!!!
O banheiro no corredor era o menor dos problemas, e também quando fiz a reserva só tinha quarto simples ou então bem mais caro, o problema foi todo o resto. Isso sim cansou.
ResponderExcluirQue merdaaaaa
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